terça-feira, 23 de março de 2010

A língua como vestimenta social.


Sou estudante de letras e como tal, ao contrário do que pensam, não estudo para dominar a gramática. Logo ao entrar na universidade, tive um estranhamento. É como se tivessem tirado meu chão. Boa parte do conhecimento adquirido até então e algumas crenças foram por água abaixo. Passei a refletir sobre a língua amparada, principalmente, pelas Teorias Lingüísticas. Uma das propostas do curso é aprender que a gramática como conhecemos foi criada por uma classe dominante, que estabeleceu o que era “culto”. A gramática normativa prescreve o uso correto da língua, sendo os demais usos estigmatizados pela sociedade. Portanto, fica clara a noção de que o que é considerado como a maneira certa de falar ou escrever está baseado, espelhado no que foi estabelecido pelas pessoas detentoras do poder. Porém, apesar de ser contra o preconceito lingüístico, considero que a língua deve ser como a roupa que vestimos. Devemos saber fazer uso destas normas se quisermos ser bem aceitos e até como forma de facilitar nossas vidas, já que não tem como de uma hora para outra mudar as convenções sociais. Esta analogia da língua com a vestimenta foi feita por mim quando finalmente, depois de estudar muitas teorias linguísticas, entendi o que estava estudando, porém depois ouvi isso de várias pessoas. Deve ser a primeira coisa que as pessoas pensam quando se trata do assunto.

OBS: Como se trata de um blog, ou seja, não científico não tem referências nem conceitos. Pode ser criticado. Também aceito sugestões, a intenção é enriquecer as reflexões.

2 comentários:

  1. pode crer... eu tb faço letras e o primeiro semestre foi aterrador... tudo o que a gente tinha aprendido na escola foi desconstruído, e o que a gente achava errado é considerado apenas fora da norma culta, mas ainda assim gramatical, desde quando o enunciado seja compreensível dentro dos parâmetros da língua em questão. os sintagmas tb destruíram quase todos os conceitos que tínhamos, resumindo as classes gramaticas a apenas 4. em morfologia me ocorreu algo interessante, o uso da tão condenada redundância, embasada na norma culta, como "as lindas casas amarelas" é uma frase que, segundo a norma culta, é corretíssima, mas que na verdade é redundante, já que a marca de plural é repetida 3 vezes, sem acrescentar nada que o artigo "as" já não tivesse mostrado...
    concordo plenamente com a sua ideia de "vestir" a língua que se adeque ao ambiente em que se está. eu mesmo uso ao menos 3 estilos de português falado, do mais chulo ao mais meticuloso. ótimo texto! no meu blog discorro sobre algumas ideias assim tb, procure pela série de textos "fluência", de dezembro de 2008.

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