domingo, 28 de março de 2010

"Ser eu mesma."

Eu queria poder ser  mais eu mesma. Sei que a definição do ser é algo extremamente subjetivo e que muitas pessoas se negam a fazê-la por saberem disso. Também por terem consciência que nesta caracterização está a percepção do outro que nem sempre está consonante com a nossa. Então, falo aqui da definição que envolve aspectos que nos fazem inseridos na sociedade. Por exemplo, comecei a malhar e a tentar comer menos doces, isso foi algo que achei legal, pois gostei do efeito visual de perder peso e da melhora que senti na minha saúde, embora me ache um "peixe fora d'água" no ambiente da acadêmia de ginástica. Isso sabendo que tem muitas pessoas que vivem oprimidas por serem sedentárias convictas e viverem a escravidão da beleza e da magreza, então isso tirei de letra. Mas, e quanto ao que eu quero seguir enquanto profissão? Transito entre duas áreas. Todas estão exigindo muito estudo, dedicação e persistência, mas zero de retorno financeiro. Isso porque não quero ser uma mera trabalhadora para o capital. O conhecimento é algo que depois de adquirido ninguém mais nos tira, verdade. Porém, os valores hoje são outros. As vezes me sinto vivendo a margem, pois muito conhecimento e nenhum poder aquisitivo. Também o retorno futuro de tanto estudo não é garantido. Não quero acordar e saber que irei trabalhar só pelo dinheiro. Tem que ter significado, tem que me fazer vibrar e, principalmente, contribuir de alguma forma com o entorno. Continuo persistindo, mesmo sabendo das incertezas e das críticas negativas alheias, talvez pela ignorância destas ou apenas por estarem condicionadas. Estou tentando achar o equilíbrio entre "ser eu mesma" e ter sucesso no contexto que vivo mesmo que ele não seja o mais justo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Por quê?

Por que quem constroi prédios é melhor remunerado do que quem constroi conhecimento?
Por que quem trabalha com robôs é mais valorizado do que quem trabalha com o ser humano?
Por que quem administra o dinheiro é mais prestigiado do que quem administra pessoas?
Por que as celebridades são mais ovacionadas do que os nossos mestres educadores?
Por que as pessoas estão se perdendo de si mesmas?

terça-feira, 23 de março de 2010

A língua como vestimenta social.


Sou estudante de letras e como tal, ao contrário do que pensam, não estudo para dominar a gramática. Logo ao entrar na universidade, tive um estranhamento. É como se tivessem tirado meu chão. Boa parte do conhecimento adquirido até então e algumas crenças foram por água abaixo. Passei a refletir sobre a língua amparada, principalmente, pelas Teorias Lingüísticas. Uma das propostas do curso é aprender que a gramática como conhecemos foi criada por uma classe dominante, que estabeleceu o que era “culto”. A gramática normativa prescreve o uso correto da língua, sendo os demais usos estigmatizados pela sociedade. Portanto, fica clara a noção de que o que é considerado como a maneira certa de falar ou escrever está baseado, espelhado no que foi estabelecido pelas pessoas detentoras do poder. Porém, apesar de ser contra o preconceito lingüístico, considero que a língua deve ser como a roupa que vestimos. Devemos saber fazer uso destas normas se quisermos ser bem aceitos e até como forma de facilitar nossas vidas, já que não tem como de uma hora para outra mudar as convenções sociais. Esta analogia da língua com a vestimenta foi feita por mim quando finalmente, depois de estudar muitas teorias linguísticas, entendi o que estava estudando, porém depois ouvi isso de várias pessoas. Deve ser a primeira coisa que as pessoas pensam quando se trata do assunto.

OBS: Como se trata de um blog, ou seja, não científico não tem referências nem conceitos. Pode ser criticado. Também aceito sugestões, a intenção é enriquecer as reflexões.

Representatividade x Apropriação.

Quando estava fazendo o bacharelado em Administração, desenvolvi na Iniciação Científica  um trabalho sobre cooperativas populares. Estas estão inseridas no que  alguns autores chamam de uma alternativa ao capitalismo, a Economia Solidária. Ao observar estes grupos e nas discussões com o grupo da pesquisa algumas questões viam à tona. Observa-se que mesmo aquelas pessoas sem educação formal, ou analfabetas, semi-analfabetas, enfim, aquelas pessoas consideradas marginalizadas na sociedade, possuem saberes. Além de cooperativas de trabalho, existem ainda grupos culturais populares, aquele rapaz do cafezinho, a mulher que abre a janela da casa e vende balas, etc. Todos eles de alguma forma estão produzindo, criando da sua forma, por vezes, intuitiva e, muitas vezes, desprovidos do conhecimento acadêmico, porém com seus "saberes" próprios desenvolvidos na experiência da vida. Passando por esta experiência da Iniciação Científica, vieram debates em sala de aula em outro curso e em outra universidade, onde comecei a maturar a reflexão e fazer pontes. Michel Foucault (1972) fala no texto Os Intelectuais e o Poder, a respeito da "indignidade de se representar o outro", defendendo a idéia da auto-representatividade da pessoa ou do grupo pesquisado que fala por si sem a intermediação do pesquisador. A este ponto que queria chegar. A acadêmia em suas diversas áreas tem se interessado em estudar estes saberes e estas produções populares e tem se discutido muito até que ponto pode-se ir sem interferir na auto-representatividade. O problema, na minha opinião e como coloquei em sala de aula, é a apropriação destes saberes por quem está pesquisando. Porém, não vejo indignidade na sua representação, a menos que seja feita de forma a inferiorizar ou deturpar a realidade. Existem produções culturais populares que estão desaparecendo e seu estudo é uma forma de perpetuá-los na memória coletiva. Outros estão acontecendo e são desconhecidos. Portanto, representá-los de forma respeitosa e coerente é válido, a apropriação que é desleal e indigna.

Devemos estar mais atentos para escolher pelo que vale a pena sofrer.

Estamos vivendo na era tecnológica e da informação, isso não é novidade para ninguém. Estes recursos tecnológicos tem modificado a forma de relacionamento entre as pessoas e vive-se numa espécie de "Big Brother". Porém, mais especificamente, um fênomeno da era digital me intriga. O site de relacionamentos orkut. O Brasil é um dos países que mais possui usuários deste site, cuja dinâmica ainda não foi estudada por ninguém. No entanto, está ai causando interferências significativas na vida das pessoas muitas delas nem se dão conta do quanto. Existem pessoas que fazem um personagem de si mesmas e agora possuem este recurso. Somos estimulados com fotos, vídeos, depoimentos de amigos quase que reinventa-se uma vida como uma ficção de cinema. A partir disso, criamos ilusões com informações que, na maioria das vezes, nada tem a ver com a realidade. Mulheres, com toda certeza, são mais emotivas e ainda são inspiradas por romances de contos de fada. Porém, tomem cuidado, nem tudo aquilo que se vê é o que se é. Seu príncipe na realidade pode ser um sapo. Fênomeno pscicológico interessante o orkut. Atenção pesquisadores!

A motivação inicial.

Comecei este blog motivada pela leitura do blog de outra pessoa. Resumidamente, esta pessoa estava sofrendo por um amor que de platônico se tornou não correspondido (embora no sentido da palavra platônico esteja embutida a não correspondência, porém pelo desconhecimento por parte da pessoa amada, daí a diferença). Porém, este sentimento advinha de fantasias criadas a partir e principalmente do que era visto em um site de relacionamentos, mais especificamente o orkut. No intuito de ajudá-la, já que tinha respostas para seus questionamentos, por conhecer a referida pessoa amada, escrevi uma reflexão que foi perdida, mas tentei reformulá-la.